O que falta para um P&D realizado em bases formais?
Nos últimos anos ocorreram interessantes discussões no âmbito da Comissão de Estudo Especial da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (ABNT/CEE-130), a respeito da necessidade de se adotar diretrizes para elaboração de P&D e Inovação. Esta comissão acabou gerando frutos na forma do Comitê Técnico na ABNT responsável por publicar a norma com Diretrizes para elaboração de projetos de PDI.
Dentre os diversos pontos abordados por aquela Comissão, se evidenciou, no aspecto da gestão orçamentária da inovação, que:
Seria conveniente que as empresas identificassem claramente todos os custos de um projeto de PD&I (recursos internos, contratados externos, equipamentos, materiais etc.);
Estes custos fossem identificados quanto a sua distribuição no tempo e que se submetessem a documentação formal (contábil e financeira);
Seria conveniente que as empresas identificassem os tipos de despesas que são custeáveis por cada fonte.
Entendemos que a adoção destas medidas, asseguram e evidenciam um patamar mínimo de gestão orçamentária para inovação. Temos no País, sobretudo na indústria de base tecnológica e de metalmecânica, projetos robustos de inovação em produtos tais como máquinas de corte à laser via sistema óptico flutuante – realizando cortes em peças de grandes dimensões, equipamentos para corte orbital de tubos, ferramentas rotativas, bombas de alta pressão e as derivações mais avançadas daquilo que envolve usinagem de alta precisão.
Significa dizer que estamos muito bem, obrigado, em termos de engenharia de produto. Temos que reconhecer que esta competência é bem absorvida pelas empresas brasileiras. Mas onde parece haver ainda uma lacuna?
Ao nosso ver, uma das lacunas reside justamente na área de orçamento e gestão. E a origem deste problema não está na falta de mão de obra, de literatura ou de escritórios e consultorias especializadas.
Temos por aqui empresas de contabilidade gerencial e financeira e diversas assessorias gerenciais de alto nível. O que falta é um direcionamento para que se tenha um P&D realizado em bases formais e estruturadas, reconhecendo que inovação não surge do acaso, ao contrário, surge de um esforço, realizado de modo tão formal quanto se faz em gestão de RH, de investimentos, de compras, etc.
Como mudar este quadro nas empresas?
Destacamos aqui então algumas bases organizacionais para inovação na empresa que podem servir de ponto de partida:
A necessidade de se ter no staff da empresa ao menos uma pessoa com equivalência plena em P&D;
Investimento em atividades de suporte como treinamento e preparação de mercado – recomendação do próprio Manual de Oslo, referência máxima organizada pelos especialistas em ciência e tecnologia da OECD (OECD Working Party of National Experts on Science and Technology Indicators – NESTI);
Foco na parametrização e no orçamento anual do processo de P&D interno e externo da empresa;
Foco em desenvolvimento para pré-produção, produção e distribuição;
Revisão do projeto fabril e projeto de inovação via aquisição de bens de capital.
No fim das contas, a inovação dentro da empresa, em especial a inovação capaz de resultar no desenvolvimento de novos produtos, será bem-sucedida ou abandonada, muito em função do tratamento que venha a ser dado ao processo de P&D realizado em bases formais e estruturadas versus o P&D feito de modo informal e ocasional, bem como em função das capacitações formais e regulares do pessoal envolvido em projeto e desenvolvimento de produto.
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